O processo de reabilitação é indicado para cães que apresentam problemas de comportamento, dos mais simples aos mais complexos, e seus tutores não conseguem lidar com esse sintomas na rotina doméstica. A reabilitação é um processo de reestruturação de rotina, regras, limites e associações. O cão geralmente precisa reaprender a lidar com uma série de situações que desencadeiam o mau comportamento, e para isso precisam de supervisão e orientação 24 horas por dia.
Cada cão que entra nesse processo apresenta problemas comportamentais específicos e por isso, não podemos generalizar quanto ao período que cada um deles vai precisar para voltar ao seu estado natural.
O profissional que trabalha com reabilitação vai poder te dar um prazo estimado com base numa análise em consulta, mas apenas o dia-a-dia da reabilitação vai confirmar o tempo necessário que cada cão precisa.
A reabilitação envolve três importantes etapas;
Construção e evolução de relacionamento | Confiança
Cães que ingressam nesse processo, normalmente tem questões particulares relacionadas à quebra de confiança. Esse conceito muitas vezes é esquecido ou não visto de forma clara. Num contexto de matilha, os cães trabalham em conjunto para manter sua sobrevivência. O líder provê direção (define as regras e limites) e proteção (mantem sua matilha segura) sempre em harmonia social. Quando transferimos esse conceito para o convívio doméstico, muitas vezes intelectualizamos essa interpretação, colocando os cães em situações questionáveis, aonde, sem direção e a devida proteção, eles reagem de forma negativa.
A relação de confiança requer que o cão sinta que seu líder tem o controle da rotina doméstica e social, ou seja, ele pode segui-lo sem preocupações. O afeto por si só não constrói confiança, mas traz apenas fragilidade.
Exemplos de quebra de confiança;
– Introdução à outros cães não supervisionada e não controlada
– Socialização feita de forma errada
– Isolamento doméstico e social
– Falta de orientação na rotina doméstica
– Falta de liderança no contexto social (caminhadas não estruturadas, ambientes sociais não controlados, aproximação de estranhos sem controle, não condicionamento a situações de estresse)
Quando a confiança é quebrada, vemos apenas o resultado negativo na reação dos cães se manifestar como ansiedade de separação, excitação, medo, fobias, reatividade à cães e pessoas etc.
A partir daí o quadro só tende a piorar, a menos que se analise o contexto pelos olhos do cão para entender o porque desses comportamentos e como mudar.
Durante a primeira etapa da reabilitação, o papel do profissional é reestabelecer a relação de confiança com o cão, deixando claro que ele terá direção e proteção e poderá contar com sua liderança para guia-lo no caminho certo.
A relação de respeito é outro mito que as pessoas tem muito dificuldade em lidar. O respeito é muitas vezes confundido com afeto, deixando o cão numa posição que ele não deveria ter na vida doméstica, a liderança.
Numa matilha, o respeito não é negociável. As regras são claras e quando quebradas existem consequências fortes. Todos os cães entendem isso muito bem, porém, nós humanos usamos nosso intelecto para tentar negociar com os cães, causando uma quebra de padrões e conceitos de espécie, gerando assim os problemas comportamentais.
Precisamos lembrar que os cães precisam ser respeitados e precisam saber respeitar. É uma via de mão dupla, e afeto não é respeito. Nenhuma sociedade vive sem regras, do contrário teríamos anarquias e guerras constantes com um resultado desastroso. Os animais entendem isso muito bem, e por isso admiramos tanto a estrutura social deles, mas falhamos em colocar em prática para nós mesmos.
Exemplos de quebra de regras e falta de respeito;
– Pular nas pessoas
– Fazer xixie cocô no meio da casa
– Sentar em cima das pessoas
– Puxar na guia
– Mordiscar pessoas
– Subir nos móveis sem ser convidado
– Possessão
– Entrar em lugares sem ser convidado
A quebra de regras e a falta de respeito geram comportamentos considerados desconfortáveis e incontroláveis para o contexto social e doméstico. Esses são cães considerados fora de controle e muito difíceis de conviver. Porém, não é justo culparmos os cães quando as regras não foram dadas.
Nesta fase da reabilitação, os cães devem reaprender as regras e praticar muitas repetições até que fique claro o que é esperado dele, daí então entra na fase de correções aonde as mesmas farão sentido para ele.
Inclusão familiar e reconstrução de contexto e convívio social | Amor
Muitos cães são excluídos do contexto familiar por apresentarem problemas de comportamento, mas na verdade, essa prática nunca resolve o problema. Após a análise das fases anteriores, podemos ver que, se não lidamos com a raiz dos problemas, não temos como esperar um resultado positivo, e o cão infelizmente não tem culpa.
Exemplos de exclusão familiar e social
Cães que vivem fora de casa (no quintal) ou em áreas isoladas da casa
Cães que não saem para caminhar
Cães que não convivem com outros cães
Cães que são privados de contato com humanos
Todos esses exemplos são apenas a consequência de falhas ao longo do caminho, aonde faltaram liderança, estrutura, rotina, educação, respeito e paciência.
Trazer o cão de volta para o contexto familiar e social requer reconstrução de bases, conceitos e regras e por isso o profissional deve trabalhar as fases anteriores para assim trazer um cão mais confiante, seguro e educado para viver novamente com sua família em harmonia.
Ao final da reabilitação, os donos devem sentar com o profissional e fazer uma revisão de todo o processo para entender como devem seguir com a nova rotina em casa. A reabilitação de sucesso depende muito mais dos humanos do que dos cães. Ter um cão equilibrado, educado, sociável requer esforço, paciência e dedicação, e sem a participação ativa do dono, o cão pode facilmente voltar aos hábitos antigos e perder a chance de viver uma vida melhor.
Se seu cão apresenta problemas de comportamento, revise seus hábitos e sua rotina, e veja aonde estão as suas falhas. Os cães estão sempre prontos para mudar, só depende de você!
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